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ETAPA 1. SOCIOLOGIA. TERCEIRO ANO.

 

Componente Curricular: SOCIOLOGIA. TERCEIRO ANO.

 Prof: Paulo Vinícius


E-mail professor: paulo-vcoelho@educar.rs.gov.br

 

ATIVIDADE: Leia o texto abaixo em anexo e explique o que Max Weber entendia por “poder”, “dominação” e quais os tipos de “dominação” classificados pelo sociólogo.

(Envie a tarefa para o e-mail do professor até a data determinada pela escola, em anexo nos formatos PDF ou “.doc” Word ou “.docx” Libre Office). Será avaliada sua capacidade de argumentação e coerência no texto.


A dominação para o sociólogo alemão Max Weber é um fenômeno social intrínseco a todas as sociedades e presente em diversas relações sociais. Para o pensador da Sociologia, as relações de poder legítimas são estabelecidas em uma esfera macropolítica definida por instituições fortes, como o Estado, ou em relações sociais baseadas em construções sociais duradouras, como a tradição. O sociólogo distinguiu em sua obra a dominação e o poder como fenômenos diferentes, porém pertencentes à mesma esfera.


Max Weber estabelece que o poder é a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os indivíduos. Quando alguém tenta, pela força física, estatal, legal ou de autoridade, impor a sua vontade sobre indivíduos, essa pessoa está exercendo o poder. Nas palavras de Weber, “poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”|1|. Desse modo, o poder independe da aceitação das pessoas do exercício da vontade.


O sociólogo alemão Max Weber classificou e conceituou dominação como a aceitação do poder.


Quando o exercício do poder parte de um indivíduo, ele tem o alcance menor, a menos que esse indivíduo represente o Estado. Quando o exercício do poder parte do Estado, ele alcança um maior número de pessoas e tem uma maior chance de ser um poder legítimo.



Diferença entre poder e dominação


Na teoria weberiana sobre a organização da sociedade, é simples a diferença entre o poder e a dominação. Esses dois elementos são como dois polos de uma mesma concepção: o poder é uma espécie de emissão, enquanto a dominação é uma espécie de recepção.


Enquanto o poder é o exercício da vontade sobre os indivíduos, a dominação é a aceitação e a subordinação dos indivíduos ao poder exercido por alguém. Desse modo, a legitimidade do poder é conferida pelas formas de dominação legítimas, ou seja, se os indivíduos aceitam certos tipos de poder exercidos por alguém, esses próprios indivíduos conferem a legitimidade da dominação e, consequentemente, do poder que alguém exerce.


Dominação seria, nas palavras de Weber, “a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas”|2|. Por isso, a dominação (que é legitimada pela aceitação) confere a autoridade a quem exerce o poder.



Tipos de dominação legítima


Para que o poder exercido seja legítimo e forneça ao agente do poder algum tipo de autoridade, é necessário que a dominação enquadre-se em um dos tipos de dominação legítima. Para Weber, são três os tipos de dominação legítima que se formam nas sociedades.


Dominação legal


Esse tipo de dominação é a forma mais oficial de legitimidade da dominação, pois ela estabelece-se por meio de uma convenção social estabelecida entre os indivíduos de uma mesma sociedade. Segundo a teoria contratualista de formação da sociedade (teoria desenvolvida, primeiramente, por dois filósofos ingleses modernos, um defensor do Estado monárquico absolutista – Thomas Hobbes – e outro defensor de um parlamentarismo liberal – John Locke |3|), a sociedade estabelece-se a partir de uma espécie de pacto entre os cidadãos para que eles tenham garantidos os seus direitos naturais.


A sociedade formou-se, segundo os contratualistas, por meio de um pacto de todos os membros, devendo, então, submeter todos a seu corpo de leis e regras. Weber entende o Estado como um elemento que parte de um princípio parecido com o princípio visto pelos contratualistas, ou seja, como um elemento comum que subordina as pessoas à sua autoridade legal para o bem delas mesmas. O Estado, para Weber, é uma instituição que detém o monopólio da força e da violência mediante a legalidade para evitar que indivíduos exerçam a força e a violência. Para o sociólogo, se os indivíduos não fossem violentos, o Estado seria desnecessário.


São exemplos de dominação legal a força das leis, o emprego da força por parte do Estado por meio da polícia e do exército contra a população e os indivíduos, que, em sua maioria, em uma situação de normalidade social (quando não há caos e crise) aceita o poder exercido por essas instituições. Para que a legitimidade seja conferida ao Estado, no entanto, deve haver todo um processo legal e correto para a sanção das leis e as ações dos Estados devem estar submetidas às leis.


Esse tipo de poder estabelece-se pela competência do agente de poder em exercer a autoridade e há uma espécie de estabilidade do poder e da autoridade nesse caso.


Dominação tradicional


No Brasil Colonial, o sistema escravista e a família patriarcal da fase de intensa produção de açúcar exemplifica o modo de dominação tradicional.

No Brasil Colonial, o sistema escravista e a família patriarcal da fase de intensa produção de açúcar exemplifica o modo de dominação tradicional.


Essa forma de dominação é conferida pela forma do respeito à tradição. A forma mais comum de estabelecimento dessa autoridade vem pelo sistema patriarcal, que domina a sociedade, em que a figura do patriarca ou senhor é uma figura de liderança e os submetidos a essa liderança são os seus súditos ou servidores.


Nesse tipo de dominação, existe uma relação moral implícita em que as normas morais conferem a tradição do exercício do poder por parte do patriarca. Podemos pegar vários exemplos de dominação tradicional ao interpretarmos a obra de Weber. Um deles é a autoridade de Deus e a autoridade de um sacerdote como o escolhido de Deus para transmitir a sua mensagem. Outro exemplo é a família patriarcal, em que o líder exerce um poder que, tradicionalmente, é obedecido.


Nesse caso, não há a necessidade de uma competência da liderança para a conferência da autoridade, pois é a tradição quem confere tal autoridade. Esse tipo de dominação também confere uma estabilidade da dominação, visto que a tradição é algo que se perpetua por muito tempo em uma sociedade.


No período de grande produção de açúcar do Brasil Colonial, o modelo de família patriarcal exemplifica perfeitamente a dominação tradicional, pois os senhores de engenho eram líderes patriarcais que tinham sob sua tutela a esposa, os filhos, os escravos da fazenda e os agregados da casa grande. Todas essas pessoas viviam na propriedade do senhor de engenho e respeitavam o poder dele por conta da ordem tradicional.





Dominação carismática


Essa forma de dominação ocorre por meio da capacidade carismática que uma pessoa tem de mobilizar as massas e comandar as pessoas. Geralmente, os súditos desse tipo de pessoa conferem uma devoção ao líder carismático não só pela sua personalidade de liderança, mas também pela crença e pela fé.


O líder carismático detém uma espécie de força mística que faz com que os seus seguidores depositem nele a esperança de uma mudança ou de uma ação correta. Nesse tipo de dominação, não há qualquer indício de requerimento de competência para que o líder exerça poder e, segundo Weber, é a forma de dominação mais instável, visto que de uma hora para outra os súditos podem perder o encanto pelo líder carismático.


Como exemplo dessa forma de dominação, podemos observar os grandes líderes carismáticos, que com seu poder de persuasão mobilizaram massas e mantiveram seguidores sob sua autoridade. Um exemplo desse tipo de dominação no Brasil ocorreu com o profeta nordestino Antônio Conselheiro, que, por meio de sua capacidade de liderança carismática, fundou a comunidade de Canudos, uma comunidade alternativa no Nordeste contra o poder estabelecido dos coronéis. No mundo, podemos eleger Hitler como uma personalidade que exerceu forte dominação carismática na Alemanha nazista.


Notas


|1| WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, vol. 1, p. 33.


|2| WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, vol. 1, p. 33., p. 139.


|3| Para os filósofos contratualistas, havia uma espécie de pacto social que os indivíduos fizeram. Os indivíduos cederam parte de sua liberdade para ganhar, em troca, outros direitos naturais, como a conservação da vida e da segurança, segundo Hobbes, e a garantia do direito à propriedade, segundo Locke. Hobbes defendeu a necessidade de um Estado forte e absolutista para garantir ao povo a estabilidade e a paz social e evitar o caos. Para Locke, o Estado deveria ter seu poder submetido a um corpo legislativo estabelecido por um parlamento, a fim de garantir que o direito à propriedade se conferisse a todos.



Por M.e Francisco Porfírio


PORFíRIO, Francisco. "Dominação para Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/dominacao-para-max-weber.htm. Acesso em 14 de março de 2021.

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