Logos e Mito
(por Prof. Paulo Vinícius)
-Duas palavras de origem grega usadas para caracterizar dois tipos diferentes de discursos sobre a realidade ou duas visões diversas de mundo. Podem ser traduzidas como discurso/palavra, porém, cada uma se refere a um tipo de discurso com características peculiares.
*Discurso: modo de expressar um pensamento ou visão de mundo, através da linguagem oral,visual, gestual ou escrita e que pode ser diferente de acordo com a intenção a qual carrega, conteúdo ou forma de expressão usada...
Logos:
Palavra criada pelo filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C) , para designar a “Razão universal que governa o mundo” ou a lei dialética que mantém o movimento da natureza.
Dialética, para Heráclito, era a relação de embate entre opostos: tudo e nada; guerra x paz; alegria x tristeza ; vida x morte....
Para Heráclito o universo/natureza estava em constante movimento (panta rhei: tudo flui), esse movimento era mantido pelo Logos.
Para o humano compreender a verdade sobre a natureza e sobre si mesmo (lembrando que para os gregos o homem estava integrado à natureza) deveria buscar acompanhar ou se aproximar do movimento do Logos, mantendo um pensamento constante sobre as coisas. A filosofia, nessa perspectiva, seria uma atividade de reflexão permanente, sempre em busca da compreensão sobre a realidade mutável (em devir= mudança) .
-Logos (de onde deriva a palavra lógica), também, é o discurso racional, que pode ser traduzido simplesmente por “razão”. É o discurso próprio da Filosofia e das disciplinas científicas que dela se originaram; é a fundamentação da visão filosófica e científica de mundo. Não há filosofia ou ciência possível sem racionalidade.
-A verdade na perspectiva do Logos é uma verdade construída seguindo critérios racionais, coerência lógica fundamentada em evidências empíricas (empírico é aquilo que posso perceber com meus sentidos; o que é palpável; físico...).
-Logos (de onde deriva a palavra lógica), também, é o discurso racional, que pode ser traduzido simplesmente por “razão”. É o discurso próprio da Filosofia e das disciplinas científicas que dela se originaram; é a fundamentação da visão filosófica e científica de mundo. Não há filosofia ou ciência possível sem racionalidade.
-A verdade na perspectiva do Logos é uma verdade construída seguindo critérios racionais, coerência lógica fundamentada em evidências empíricas (empírico é aquilo que posso perceber com meus sentidos; o que é palpável; físico...).
A verdade é uma correspondência entre o que penso e o que minha mente percebe do mundo por intermédio dos sentidos, sendo que meus pensamentos devem ser bem construídos e coerentes, sustentados por hipóteses e ou conceitos bem delimitados e claros.
-O conhecimento construído dentro dessa visão de mundo filosófica e científica é constantemente construído e remodelado.
-O conhecimento construído dentro dessa visão de mundo filosófica e científica é constantemente construído e remodelado.
As teorias (visões) filosóficas e científicas podem ser desconstruídas e rearquitetadas sob as diretrizes da razão. Na perspectiva filosófica apenas a razão pode criticar o que foi construído racionalmente.
-Quando novas informações, evidências, descobertas ou dados, demonstram que a teoria está incorreta ou que não é mais o suficiente para explicar o que pretende, tal teoria deve ser corrigida ou descartada, o mesmo deve acontecer caso for demonstrado que a teoria está assentada sobre argumentos falhos, falsos ou incorretos.
Uma teoria é uma visão racional sobre algum aspecto da realidade. As teorias orientam a pesquisa filosófica e científica. No caso das ciências as teorias exigem experimentos realizados com métodos racionais e são submetidas à crítica da comunidade científica.
Mito:
- O mito é o discurso próprio das religiões e ou visões mitológicas sobre a realidade, também usado nas histórias poéticas de cunho didático.
- É um tipo de discurso que recorre a recursos poéticos, metáforas, fantasia e imaginação.
-Pode ser qualificado em dois tipos:
Mito:
- O mito é o discurso próprio das religiões e ou visões mitológicas sobre a realidade, também usado nas histórias poéticas de cunho didático.
- É um tipo de discurso que recorre a recursos poéticos, metáforas, fantasia e imaginação.
-Pode ser qualificado em dois tipos:
.mito religioso/sagrado: fundamenta as religiões e tem a pretensão de verdade.
Exemplo: “Jeová criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou...”.
.mito didático/pedagógico: alegorias, parábolas, usadas com a finalidade de educar, ensinar lições de moral, expressar pensamentos e ideias com o auxílio de recursos poéticos, apelando para a imaginação.
Exemplo: a “Alegoria da Caverna” de Platão ou “Mito da Caverna”; histórias infantis usadas para ensinar valores morais às crianças; fábulas clássicas...
-Para o mito religioso/sagrado a verdade é revelada pela divindade ou por uma força sobrenatural por intermédio de algumas pessoas escolhidas, dotadas de poderes ou dons especiais. Exemplos: entre os espíritas são os médiuns que recebem as mensagens dos espíritos e as comunicam às pessoas “comuns”; entre algumas tribos indígenas xamânicas são os pajés ou xamãs que se comunicam com os deuses ou forças da natureza; entre os cristãos e judeus foram os profetas que receberam de Jeová-deus a mensagem sagrada para escreverem os textos bíblicos e hoje os pastores ou padres representam um “canal intermediário” entre os homens e Deus ou seu filho Jesus (que dependendo da vertente cristã é o próprio deus que se fez homem, foi crucificado e ressuscitou para salvar a humanidade etc); nas religiões antigas politeístas eram sacerdotes ou pitonisas (sacerdotisas ) que nos templos recebiam as mensagens dos deuses
- A verdade para a visão religiosa assentada no mito, depende de fé, crença e não necessita de justificativa racional. A verdade está assentada em dogmas que fundamentam as doutrinas religiosas e que não podem ser questionados pelo crente.
A verdade para o mito religioso não muda, no entanto a forma obscura em que o discurso mítico geralmente se apresenta, dadas as metáforas e recursos poéticos, podem gerar muitas vezes a possibilidade de variadas interpretações sobre uma mesma “história”.
-Os mitos e religiões podem ser boas fontes para a compreensão da visão de mundo ou de culturas do passado e da atualidade, sendo um material rico para pesquisas na área da história, antropologia e filosofia da religião, por exemplo.
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Realidade:
É udo o que existe e envolve a mente humana, incluindo a própria mente humana. A realidade está aí para ser interpretada e compreendida pela filosofia e pelas ciências, na tentativa de vencer as barreiras das limitações sensoriais , cognitivas e subjetivas, impostas à nossa qualidade de ente consciente. A Filosofia pretende compreender racionalmente a realidade em sua totalidade, as ciências derivadas da filosofia buscam compreender aspectos da realidade de acordo com métodos racionais direcionados à pesquisa dos objetos de estudo que as definem (cada ciência particular tem um objeto de estudo específico que representa uma “área”, uma zona delimitada da realidade ).
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Razão:
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Razão:
É a qualidade da mente humana consciente que lhe permite decodificar, separar, qualificar, denominar e organizar as informações e dados que pode captar do mundo e sobre si mesma, através da percepção sensorial.
A razão pode construir conceitos, definições sobre as coisas percebidas pela mente; é a ferramenta básica do pensamento de cunho racional e pode ser usada para construção de teorias ou para atender necessidades práticas que exijam uma orientação refletida da inteligência empírica (nossos sentidos).
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Ser:
Ser:
Sinônimo de essência da natureza/universo, que, dependendo da teoria filosófica, possuirá características e qualidades diferentes de acordo com a descrição do filósofo em questão (Exemplo para Tales era a àgua; para Anaximandro era o Ápeiron; para Schopenhauer era a Vontade...
É o princípio que gera os entes, as coisas do mundo e a natureza como um todo.
A Ontologia (Filosofia do Ser) é o ramo da filosofia que estuda o Ser.
Ente: são as coisas e seres gerados pelo Ser; fenômens derivados do Ser. Nós somos entes, pois, não podemos gerar a nós mesmos, surgimos em meio a um universo já existente.
Ente: são as coisas e seres gerados pelo Ser; fenômens derivados do Ser. Nós somos entes, pois, não podemos gerar a nós mesmos, surgimos em meio a um universo já existente.
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Importante:
-Para os gregos antigos o homem estava integrado à Natureza, era mais uma espécie animal no seio da natureza (phýsis,) diferenciando-se das demais por sua capacidade racional mais apurada e, por esse motivo, deveria desenvolver, da melhor forma possível, essa qualidade que o caracteriza como humano. Essa é uma visão diferente da visão preconizada pela tradição judaico-cristã que entende a natureza como algo diferente do homem, sendo a espécie humana imagem e semelhança de um deus que criou as demais espécies para servirem ao homem e serem por ele governadas, o que , certamente, influencia em muito a forma agressiva e predatória como tratamos, já há algum tempo, as demais espécies vivas no planeta
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-Toda ciência tem como fundamentação epistemológica uma teoria filosófica.
-Toda ciência tem como fundamentação epistemológica uma teoria filosófica.
Exemplos:
.As ciências buscam compreender e ou interpretar aspectos da realidade, direcionando pesquisas e pensamento racional sobre os objetos de estudo que as definem. O que é a realidade? Essa é uma questão filosófica.
.As ciências buscam construir conhecimento racional sobre seus objetos de estudo. O que é razão? Como conhecemos a realidade? O que é conhecimento? Questões filosóficas fundamentais.
.Quem produz conhecimento é a mente humana. O que é a mente humana e como ela compreende a si mesma e ao mundo circundante? O que é o intelecto? Como funciona a estrutura cognitiva da mente humana? Etc. mais algumas questões filosóficas básicas, importantíssimas para toda e qualquer ciência.
.As ciências buscam compreender e ou interpretar aspectos da realidade, direcionando pesquisas e pensamento racional sobre os objetos de estudo que as definem. O que é a realidade? Essa é uma questão filosófica.
.As ciências buscam construir conhecimento racional sobre seus objetos de estudo. O que é razão? Como conhecemos a realidade? O que é conhecimento? Questões filosóficas fundamentais.
.Quem produz conhecimento é a mente humana. O que é a mente humana e como ela compreende a si mesma e ao mundo circundante? O que é o intelecto? Como funciona a estrutura cognitiva da mente humana? Etc. mais algumas questões filosóficas básicas, importantíssimas para toda e qualquer ciência.
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