Professor: Paulo Vinícius Nascimento Coelho
Atividades de Filosofia
A Arte de Pensar
Filosofia (do grego: “amor à sabedoria”).
Representando um esforço da mente humana consciente, no intuito de, por intermédio da razão, compreender a si e ao mundo (o homem e a natureza, da qual é manifestação consciente), a Filosofia — como atividade de reflexão — tem como compromisso ontológico (referente ao Ser) o aprofundamento das possibilidades existenciais do ente humano e seu conhecimento sobre si e sobre o mundo.
A razão, indispensável para o pensamento filosófico, pode ser definida como a capacidade lógico-reflexiva da mente consciente humana, através da qual o ente humano pode melhor compreender os movimentos regulares e irregulares dos objetos no mundo e em seu corpo psicofísico (corpo físico e mente; a mente inclui a imaginação e memória), analisar, encontrar semelhanças e diferenças entre objetos, denominá-los e defini-los conceitualmente — onde se inclui um olhar para si mesma (a mente consciente, definindo-se por meio da razão, pensando a si).
Regras fundamentais do pensamento filosófico
-
Ligar todo particular a uma representação de universal.
-
Dedução: todo corpo material é composto por átomos > o corpo humano é material > o corpo humano é composto por átomos.
-
Indução: o corpo humano é composto por átomos < os corpos materiais de todas as espécies animais e vegetais conhecidas também são compostos por átomos < todo objeto material é composto por átomos < a matéria é composta por átomos.
-
-
Ligar todo individual a uma representação de totalidade.
-
Dedução: a natureza é a totalidade que engloba tudo que existe > Pedro existe > Pedro é parte da natureza.
-
Indução: Pedro é indivíduo humano < a espécie humana é manifestação do reino animal < o reino animal é manifestação da natureza < Pedro é um animal, manifestação da natureza.
-
-
Outros exemplos:
-
Dedutivo: a natureza é a totalidade existente > tudo que existe é parte da natureza > Pedro existe > Pedro é parte da natureza.
-
Indutivo: homens, cães e gatos são seres vivos compostos de matéria orgânica e são mortais < todo ser vivo composto de matéria orgânica é mortal.
-
-
Ligar toda especulação teórica a referentes empíricos, relacionados com noções conceituais claras, seguindo o princípio de contradição (uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo).
A rede conceitual que forma uma teoria (visão sobre a realidade — sendo realidade o conjunto de fenômenos aos quais nossa consciência pode ter acesso, incluindo o que é percebido pela mente como produto de sua cognição ativa e imaginação) é construída ou analisada por um processo de reflexão filosófica. Está sempre aberta à reformulação crítica, visando à veracidade e coerência.
Mesmo as definições sobre razão e filosofia estão abertas à reelaboração racional, o que demonstra o caráter autocrítico da razão filosófica.
Esboços de noções conceituais (ideias ainda não transformadas em conceitos) são moldados em comparação com a rede conceitual da qual se espera ajuste lógico. Caso isso não aconteça, uma incoerência é identificada, exigindo reformulação ou nova elaboração.
O conceito de consciência, sujeito da atividade filosófica, pode ser descrito como: qualidade ontológica do animal humano ciente de sua existência e de sua capacidade de percepção sensível e intelectual. Ser consciente é perceber-se como ente, ciente de seus estados em relação com o outro (semelhante, objetos, mundo, ambiente, corpo). Uma peculiaridade da consciência humana é sua capacidade de criar representações complexas do universo.
Filosofia como intencionalidade da razão
Partindo desses pressupostos, a Filosofia é uma intencionalidade implícita no uso da razão. Essa arte reflexiva, identificada na história do pensamento desde os pré-socráticos, manifesta-se como ação comprometida com o humano e dirigida à compreensão da realidade e da verdade.
As teorias são históricas, mas não a Filosofia e a Razão. Sem a intenção filosófica e a razão que a orienta, a Filosofia torna-se nula.
A filosofia pode ser entendida como:
-
Um posicionamento da consciência diante da realidade;
-
Um “estar no mundo” caracterizado pela dilatação da racionalidade;
-
Um agir prático com fins de transformação da realidade (ética, política, estética).
O espanto como origem da filosofia
O espanto diante do comum e banal é impulso inicial para o movimento reflexivo. Um olhar de estranhamento, como se fosse a primeira vez, é o ponto de partida da filosofia.
O filósofo (amante da sabedoria) busca a verdade independentemente da beleza ou fealdade que ela revele, sem se render ao temor do infinito. Seu papel na pólis é espalhar dúvida, incitar reflexão, despertar espanto e divulgar conhecimento.
Áreas da Filosofia
A reflexão filosófica pode ser direcionada a várias áreas, como:
-
Filosofia do Ser (Ontologia)
-
Teoria do Conhecimento
-
Ética
-
Filosofia da Arte (Estética)
-
Filosofia Social e Política
-
Lógica
-
Filosofia da História
-
Filosofia da Natureza
-
Antropologia Filosófica
-
Filosofia da Ciência
-
Filosofia da Religião
As teorias filosóficas não são a filosofia em si, mas produtos dela. São históricas, críticas e influenciam o pensamento humano em diferentes áreas.
Teorias e movimentos filosóficos
A Filosofia exerce um papel unificador, condensando saberes das diversas ciências. Muitos pensadores apontam que o futuro das ciências é a revitalização da Filosofia.
Questões – Parte I – Múltipla Escolha
Questões – Parte II – Dissertativas
5. Explique detalhadamente a diferença entre dedução e indução conforme apresentada no texto. Apresente um exemplo próprio de cada.
6. Explique o significado da afirmação:
“O espanto diante do aparentemente comum e banal é um impulso importante para um movimento reflexivo de caráter filosófico”
e discuta sua conexão com a filosofia grega. (com pesquisa)
7. Escolha uma das correntes filosóficas mencionadas no texto (Estoicismo, Epicurismo ou Existencialismo). Pesquise seus princípios fundamentais e explique como eles se relacionam com a definição de filosofia apresentada no texto. (com pesquisa)
8. Escolha uma das correntes filosóficas citadas no texto (Positivismo ou Materialismo Histórico-Dialético). Pesquise seus princípios e explique como ela dialoga com a ideia de integração e crítica dos diferentes campos do conhecimento. Inclua exemplos históricos ou aplicações práticas.
Comentários